24 de Março de 2016
Artigo publicado no Jornal Estado de Minas em 18/03/2016.
Ivan de Souza Mercedo Moreira
Igor de Souza Mercedo Moreira
Atualmente, sabe-se que a especialização técnica tem sido um diferencial no mercado de trabalho e, nesse sentido, o profissional do Direito é desafiado a dominar não só o conteúdo das leis, da jurisprudência e da doutrina, mas também a dinâmica e as especificidades do segmento de atuação do cliente. Dessa forma, é preciso desenvolver estratégias de atuação que extrapolem o domínio técnico-jurídico e, a partir daí, torna-se necessário pensar, criar e desenvolver ideias que possam guiar até mesmo a rotina de outros setores das empresas, isto é, não só a dos departamentos jurídicos.
O conhecimento aprofundado da atividade empresarial exercida e a análise pormenorizada da carteira de processos judiciais, incluindo todas as variáveis adequadas ao desenvolvimento de novas formas de atuação da empresa, permitem ao escritório de advocacia trabalhar em parceria, em prol do sucesso do negócio. A proposta é a de somar conhecimentos, compartilhar experiências, associar leis e números, teses e finanças, doutrinas e empreendedorismo e saber dialogar e lidar com os diversos setores que constituem o organograma da empresa.
Nesse sentido, ressalta-se que o mapeamento detalhado e estratégico do conjunto de ações judiciais envolvendo uma empresa, utilizando-se, é claro, de amplo recurso tecnológico, expõe informações até então não percebidas em relação à atuação jurídica, financeira e econômica. Isto é, por meio da preocupação sistemática acerca de como os conflitos são desenvolvidos no cotidiano de determinada atividade empresarial e como são solucionados no Judiciário, é possível obter maior criatividade para identificar soluções a serem propostas na área jurídica, contratual, negocial e de logística externa.
E mais. O controle obtido por essa metodologia conjunta de trabalho entre escritório e empresa, a partir de reuniões periódicas, permite a tomada de inúmeras medidas relacionadas ao modelo de gestão empresarial interno. Entre elas a readequação do fluxo de trabalho entre equipes e o incremento da extração de dados estatísticos ligados às variáveis que compõem a atividade econômica, o que reflete diretamente na qualidade de atendimento; na prevenção de conflitos; na redução de custos e na boa reputação junto à cadeia de stakeholders.
Com efeito, o empreendedorismo legal significa conhecer estrategicamente a realidade do contencioso empresarial, seja esse tributário, cível, trabalhista, imobiliário, consumerista ou regulatório, de modo que tal estudo resulte na elaboração de planos de ações concretos, que serão efetivados com a atuação interdisciplinar entre o jurídico e os demais setores da empresa, extrapolando, então, o estudo técnico e abstrato das leis. Dessa forma, o diálogo entre executivos, advogados corporativos e escritórios de advocacia se mantém alinhado com as estratégias do negócio, favorecendo a tomada de decisões juntas. Em um cenário nacional de incertezas e repleto de desafios, estruturar, monitorar e agir são preceitos fundamentais à sustentabilidade empresarial.
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